Concepções dos(as) trabalhadores(as) da SESDF acerca de questões raciais como base para uma proposta de educação antirracista

Abstract

O racismo é um sistema de opressão estrutural que se apresenta na sociedade e nas instituições por meio de práticas de preconceito e discriminação racial que trazem desigualdades e desvantagens à população negra, sujeitando-a ao adoecimento, à maiores taxas de mortalidade, à exploração, dominação e opressão social (Almeida, 2020; Brasil, 2009; 2020; SILVA, 2021). Diante disso, esta pesquisa foi pensada dentro do programa de Mestrado Profissional em Educação Profissional e Tecnológica (EPT) do Instituto Federal de Brasília (IFB), a partir do macroprojeto 6 (Organização de Espaços Pedagógicos em EPT) e linha de pesquisa 2: Organização e Memórias de Espaços Pedagógicos na EPT. O objetivo deste estudo foi investigar como os profissionais da SESDF concebem as questões raciais, identificando possíveis manifestações de racismo nesta instituição e a partir dos resultados obtidos, utilizá-los para orientar uma proposta de educação antirracista para os trabalhadores da área da saúde. Metodologia: Pesquisa exploratória, com abordagem mista. A coleta de dados foi realizada a partir de um questionário socioeconômico e da aplicação da Escala de Racismo Revitimizador (Lima et al., 2020). A pontuação mínima total desta escala é 10 e a máxima é 50. Quanto maior a pontuação, maior o nível de expressão do racismo. Com base nessa informação, foi calculada no SPSS, a pontuação final na ERR de cada participante e a média final das categorias criadas pela pesquisadora. Resultados: 71 pessoas responderam à pesquisa, sendo 67,6% do sexo feminino e 32,4% do sexo masculino. 59,2% se autodeclararam como negras (46,5% pardas e 12,7% pretas) desses, 28,6% responderam que já sofreram racismo nos ambientes da SESDF. 88,9% dos participantes não se consideram racistas, entretanto, 73,7% informam que já presenciaram situações de racismo dentro das unidades da SESDF. 74,6% responderam que o número de pessoas negras em cargos de gestão na SESDF é inferior ao esperado, considerando o total de pessoas negras na instituição e na população. Os homens obtiveram maior pontuação na ERR (x̅ =24,26) que as mulheres (x̅ =18,69), observou-se também uma relação diretamente proporcional entre os índices de racismo e a idade e uma relação inversamente proporcional entre a média na ERR e escolaridade. A categoria religiosa com a maior pontuação foi a que se autodeclarou como sendo de outras religiões (x̅=25,80) seguidos pelos evangélicos (x̅=22,58) e católicos (x̅=21,72). Em relação ao espectro político, as maiores médias de pontuações foram encontradas dentro dos espectros políticos de direita, sendo que a única pessoa que se autodeclarou como sendo de extrema direita atingiu a pontuação máxima na ERR (50 pontos), seguido pelo espectro de centro direita (x̅=28) e direita (x̅=24). A pontuação média geral da ERR na amostra estudada foi de 20,49. Conclusão: Os resultados sinalizaram a existência de manifestações racistas na SESDF e a relação entre dados socioeconômicos e racismo, evidenciando que ainda há espaços para investimentos educacionais com o objetivo de diminuir os índices de racismo nessa população.