A dialética do adoecimento docente e sua relação com as políticas públicas no Distrito Federal: um olhar sobre a CRE de Planaltina

Abstract

O adoecimento docente no Brasil é um reflexo das condições adversas enfrentadas pelos professores, como a sobrecarga de trabalho, a desvalorização profissional, a falta de infraestrutura adequada, o aumento de demandas emocionais e psicológicas e, sobretudo, a inserção das políticas de educação vinculadas no modo de produção vigente e a modelos de gestão neoliberais. Essas condições contribuem para o desenvolvimento de problemas como estresse, ansiedade, depressão e síndromes como a de Burnout, impactando negativamente a qualidade de vida dos educadores. Além disso, o adoecimento docente afeta diretamente a prática profissional, comprometendo o desempenho em sala de aula, a interação com os alunos e a continuidade da carreira, gerando um ciclo que agrava os desafios enfrentados pela educação no país. Mediante este reconhecimento, o objetivo central deste estudo é analisar o adoecimento docente e os impactos de políticas públicas do Governo do Distrito Federal na qualidade de vida refletidas em sala de aula, tendo em vista os elevados índices de afastamento do trabalho por parte dos (as) professores(as). O reconhecimento dos índices elevados de afastamento docente foram o principal motivador para suscitar a necessidade de realização de pesquisas e análises desses motivos, pois os mesmos têm impactos econômicos, sociais e pedagógicos consideráveis na rede pública de ensino no Distrito Federal. A metodologia de pesquisa adotada converge para a pesquisa teórica acompanhada da pesquisa de campo. Na pesquisa aborda-se a importância e os impactos do território - compreendido como o conjunto de condições geográficas, estruturais, socioeconômicas e culturais que caracterizam a região onde a escola está inserida, sendo a escola também considerada como tal - no adoecimento do trabalhador docente. A partir desse nexo, foram apresentados os conceitos de território, adoecimento docente, aprendizagem, bem como o histórico das políticas públicas de qualidade de vida no trabalho adotado pela Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (SEEDF), perpassando todo o cabedal de legislações que envidam e orientam esta temática. Além disso, há um importante destaque para a influência do território no trabalho e na qualidade de vida dos professores (as) da rede de ensino da SEEDF. A pesquisa de campo ocorreu, numa perspectiva dialética, junto aos docentes e gestores que atuam em escolas da rede pública SEEDF, lotados na Coordenação Regional de Planaltina, por meio de pesquisa documental e entrevista oral e gravada. Entende-se que os resultados desta pesquisa fornece uma compreensão aprofundada sobre as causas e consequências do adoecimento docente na rede pública de ensino do Distrito Federal, com destaque para a influência do território e das políticas públicas na qualidade de vida dos professores. A análise crítica das legislações, das condições de trabalho e das estratégias implementadas pela SEEDF permitirá identificar lacunas e propor recomendações que contribuam para a formulação de políticas mais eficazes. Além disso, a pesquisa busca evidenciar os impactos econômicos, sociais e pedagógicos associados aos elevados índices de afastamento docente, oferecendo subsídios para melhorar as práticas de gestão educacional e promover a saúde e o bem-estar dos profissionais da educação. Assim, estes resultados almejam não apenas ampliar o cabedal teórico sobre o tema, mas também contribuir diretamente para a transformação do cenário educacional no contexto estudado elucidando os sujeitos do chão da escola da realidade que se vive. O produto da pesquisa resultou numa série de vídeos mostrando a trajetória do estudo, seus resultados e impactos publicados em um canal do YouTube e outras redes sociais, bem como disponibilizado para o Instituto Federal de Brasília (IFB) visando uma reflexão mais ampla sobre o tema.